SOUL É UMA DELICIOSA CRÍTICA AO DESEJO DE BUSCAR SEMPRE ALGO MAIOR
Existem filmes que são considerados “fáceis” de serem feitos. São aquelas produções que não tem a intensão de passar qualquer mensagem para o subconsciente de quem assiste. Não tem como dever, deixar o espectador com a cabeça martelando sobre algo. Me refiro aos filmes de ação desvairada que tem como missão apenas nos entreter e elevar nossa adrenalina. Me refiro a projetos como Missão Impossível, Velozes e Furiosos, 007, Vingadores, Duro de Matar, Transformers, Piratas do Caribe e outros.
Uma vez, ouvi um caso de uma senhora que assistiu um filme e aquela história foi tão marcante que ela disse em uma rede social, ter ficado duas noites acordada pensando em cada cena que assistiu daquele projeto. Então, esses são os filmes difíceis de serem feitos.
Pois, apesar de ter uma hiper construção de produção, exige um polimento absurdo e extremamente complicado de roteiro e ainda mais inteligente, sensível e coerente nas mãos de uma direção de qualidade. E é em todas essas categorias citadas que a nova animação da Disney “Soul” se encaixa.
Soul é uma produção emocionante da Disney – Pixar, protagonizado por Jamie Fox .
Escrito e dirigido por Peter Docter – a mente brilhante por trás de Divertidamente, Up Altas Aventuras, Wall – E, Toy Story – em parceria com Dana Murray – a gênia por trás de Valente, Ratatouille e Procurando Nemo – o filme da Disney – Pixar traz uma história já vista em algumas outras produções da mesma equipe, porém contada de uma forma mais sensível.
Joe Gardner (Jamie Fox) é um professor de música do ensino médio que sonhava em ser um músico de jazz, e finalmente teve a chance depois de impressionar outros músicos durante um ensaio aberto no Half Note Club. Porém, um acidente faz com que sua alma seja separada de seu corpo e transportada para um centro no qual as almas se desenvolvem e ganham paixões antes de serem transportadas para um recém-nascido. Joe deve trabalhar com almas em treinamento, como 22 (Tina Fey), uma alma com uma visão obscura da vida.
A história protagonizada por Joe nos leva a entender que na vida, o que vale mais são as pequenas conquistas. As vezes buscamos coisas tão grandes- no nosso imaginário – que na verdade, nem são tão grandes assim. As vezes o sucesso e a felicidade estão mais perto de nós, que a ânsia de querer sempre algo que nós mesmos imaginamos ser maior do que tudo. E com isso, não percebemos que somos os culpados pela tal infelicidade que nos assola ao longo da vida.
[Joe Gardner é um músico sonhador que “morre” no dia que consegue a oportunidade que tanto buscou
Para chegar nessa reflexão precisei assistir o filme quatro vezes em uma semana, e sinto vontade de assisti-lo novamente. Pois, a forma que a direção e o roteiro passam todas essas mensagens é tão bonita, cativante, hipnótica que você não percebe.
O final deixou muitas pessoas insatisfeitas, mas depois de assistir quatro vezes percebi que ele cabia perfeitamente ali. Concluir de outra forma, não teria o mesmo efeito que teve em todas as pessoas que assistiram.
Soul é leve, é engraçado, diverte as crianças, mas ao mesmo tempo, é um alerta aos adultos de que o tempo passa rápido. De que tudo o que ele precisa para viver bem pode estar a sua volta, ou nas suas mãos.
Soul foi sucesso no mundo inteiro e conquistou o prêmio de melhor animação do Critics Choice Super Awards