CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE
Ei, você ? Sim ! , você mesmo.
Tá ocupado ou podemos conversar um pouquinho ?
CONVERSAR
substantivo feminino
Diálogo; troca de palavras, de opiniões, de ideias, de informações entre duas ou mais pessoas sobre algo abstrato ou determinado.
Sei que mesmo vivendo nesse estado pandêmico temos sempre muito o que fazer : regaras plantas, experimentar aquela receita nova de pão , ler aquele livro esquecido na estante , arrumar aquele ninho de gato de papéis vários enfiados numa caixa de papelão, há anos repousando sobre o guarda-roupas...mas isso tudo pode esperar mais um
pouquinho. Garanto que tem coisa muito mais importante a fazer. Dúvida?
Você conhece a usa história ? Tem certeza ?
Então, me diga, qual era o nome de seus bisavós ? Dou-lhe 5 minutos para me responder. Não sabe, né ? Pois é….e a vida deles, as histórias deles, resultaram em você e é mais do que justo que você os conheça . É o seu DNA portanto, a sua história.
Sabemos que por causa do tal Rui Barbosa nós, afro-descendentes, não sabemos as nossas origens e antes que outro maluco resolva reeditar o feito de Rui, vamos conversar ?
Seguindo o modelo “Griôt”, que tal aproveitar o churrascão na laje, depois de todos vacinados, é claro, e pedir aos mais velhos que tragam aquelas caixas cheias de fotografias amareladas , desbotadas mesmo, cheirando a naftalina e esquecidas em alguma gaveta. Nelas, imagens de casas simples com latas velhas transformadas em vasos de plantinhas como arruda, puejo, boldo, alecrim, bons remédios , e flores, pra enfeitar a casa, de paredes caiadas e chão batido.Caminhada dura, difícil mesmo mas com amor e alegria.
Fotos mais nítidas, não tão amarelas mas ainda em preto e branco , mostram casamentos, batizados , penteadeiras com o ferro de alisar ao lado do pote de vaselina. Chique era ter o cabelo alisado que as moças mostravam sorridentes nas fotografias, apesar do sofrimento das queimaduras no couro cabeludo provocadas pelo pente de ferro quente. Princípio da chapinha. Era sempre o mesmo ritual na casa da cabeleireira que atendia aos sábados as filas imensas. As formaturas dos cursos de corte e costura, de datilografia também foram registradas ao lado de pais e parentes orgulhosos de seus filhos que já não teriam que vivenciar as mesmas agruras...
E aquelas fotos dos bailes, das bocas de sino, dos cabelos “blequepau” ? Um sucesso faziam as roupas compradas a prazo na loja Piter, atrás do Teatro Municipal. Os bailes eram divertidos e muitos romances começaram ali...outros terminaram mas quando acabava o samba o dj logo colocava uma lenta e um novo romance tinha começo.Uma coisa que nossos antepassados sempre souberam fazer foi viver ao máximo as alegrias através das piadas , da música, da dança, da pelada antes do barulhento almoço de família.Celebravam o contador e a professora que a família formara. E esses formaram engenheiros, arquitetos, médicos, sociólogos, biólogos e seremos mais e mais em fotos que ainda serão tiradas, com certeza !
Olhar para trás é preciso, é maravilhoso. Caminhamos a passos lentos mas avançamos, apesar dos pesares.
Black Lives Matters e a sua, MUITO MAIS.
Conhecendo a SUA história você pisará com mais orgulho e propriedades. Acredite.